segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Preparando pra próxima cicloviagem. Destino: São José da Serra

Separação das tralhas para viagem:

- bike;
- barraca
- saco de dormir
- isolante térmico
- toalha super absorvente
- fogareiro
- comida liofilizada
- kit panela e talheres
- ferramentas
- extensão elétrica
- som mp3

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Bolo de banana

Pois é...passou um tempo da viagem...e ai?

Não sou um "cicloviajeiro" experiente. Fiz uma viagem só. Sozinho. Mas e' engraçado como sinto saudades da experiência. Foi diferente. Foi intenso. Mas foi calmo. O tempo pedalando parece ser uma espécie de cobertor transparente numa noite fria. Te cobre, te aquece, te conforta. Mas ao mesmo tempo te mostra o mundo. Alias, além de transparente, e' um espelho. Porque você se expõe. Mas também se esconde. As sensações se confundem.

Vamos fazer um bolo. De banana. Basicamente tem açúcar, sal, farinha, ovos e banana. Ingredientes que são simples e comuns. Provavelmente os comemos todos os dias, no máximo toda semana. Mas juntos se transformam em uma coisa maior, melhor. Acho que isso e' o cicloturismo. Uma bike, que você provavelmente pedala quase todos os dias. Um caminho com um destino (sempre que você pedala, você faz um caminho e tem um destino). E você. Sempre. Mas quando se propõe a fazer o cicloturismo, todos estes ingredientes comuns se transformam em algo maior. Os sabores se acentuam e combinam entre si. O todo e' mais gostoso que cada um dos ingredientes.

Na estrada, pouca coisa importa. A agua. Comida? Pecas? A preocupação principal e' sentir o caminho. Cada quilometro, cada metro importa. Você quer sentir. Ao mesmo tempo que você quer chegar rápido, você quer que nunca chegue o destino. Você cria desculpa pra parar. Você luta contra tudo pra continuar. A dor passa a ser uma recompensa. Roce sabe que valera a pena.

E vale.


quarta-feira, 30 de abril de 2014

Considerações

Para alguem que esteja planejando a primeira cicloviagem, vou colocar aqui o que eu achava antes e o que acho agora. Ou seja, coisas que mudaria (ou melhoraria):

- Itens de reposição: estava preparado pra praticamente qualquer problema da bike. Ate porque minha bike é simples, com freios V-brake, e não tive nenhum problema mecânico.  Levei gancheira reserva, alicate, cabos de freio e cambio. Levaria esses itens novamente, apesar do peso? Sim, levaria. Viajando sozinho, eu me sentia preparado pra resolver qualquer eventual problema. Se a viagem fosse em dupla ou grupo, talvez seria possível poupar algum peso.

- Roupas: Como foram 3 noites e 2 dias de pedal, notei 2 coisas: levei mais roupas "civis" do que realmente precisei (short e camisa voltaram sem uso) e roupa de pedal de "menos" (só levei 1 kit - pedalei todos os dias com a mesma camisa e bermuda). No entanto, sobre a roupa de ciclismo, o maior problema foi ter que usa-las levemente molhadas depois de lava-las. So que se tivesse levado outra muda de roupa, teria que guardar a do dia anterior molhada. Então não vi uma solução pratica ainda. Pela questão do peso, acho que foi uma boa escolha.

- Comida: esse foi meu maior erro. Levei "comida" (bananinha, paçoca e amendoim) para todos os dias, que me custaram quase 1 kg de bagagem. Hoje mudaria radicalmente (e acho que iria fazer o que todo mundo faz): levar o básico para o trecho e ir reabastecendo nas paradas. No caso da estrada real, vale levar o esterilizador de aguar (hidrosteril ou similar).

* coloquei minhas roupas dentro do alforje dentro de sacolas de supermercado. Foi minha sorte. Peguei chuva (leve), penetrou agua no alforje mas não molhou as roupas. Dica importante pra que não quer (ou pode) gastar em saco de estanque ou capa de alforje.

* meu quadro só tem furação pra 1 suporte de caramanhola. Fiz uma gambiarra com engasga gato e coloquei mais uma no top tube. Valeu demais. So incomodava na hora de subir na bike, mas valeu muito a pena. Fiquei com 2 caramanholas de 750ml cada, e não precisei de camel back.


Tatuagem

Depois dessa viagem, to pensando seriamente em fazer uma tatuagem. Só falta escolher entre uma das opções abaixo:

ou



domingo, 27 de abril de 2014

Dia 3 - Corregos - Conceicao do Mato Dentro

O terceiro dia foi bem tranquilo. Era 25 km de Corregos ate Conceicao, sendo os 10 km finais em asfalto. Cafe da manha foi interessante. Leite, biscoito, um pedacinho de bolo. Ja estava indo embora reclamando, ai vi dois pires, um em cima do outro. Como eu era o único hospede, abri os pires e vi um misto "quente". Achei bem legal a preocupação dos donos.

Sai cedo, e a estrada era bem tranquila. Poucas subidas e muitos búfalos no caminho. Dá um certo medo, mas nada de mais. Depois de 15 km, ja estava no asfalto, onde a viagem rende bastante.

Cheguei em Conceicao por volta das 11 horas e encontrei com meus pais e minha esposa. Decidi encerrar o pedal por la, pois a volta seria toda por asfalto, fora da estrada real. Seguimos de carro ate a Serra do Cipo, onde passamos a noite e no dia seguinte chegamos em Sete Lagoas.

Resumindo, a viagem foi muito legal. Considero uma estreia de luxo na cicloviagem. Com certeza farei outras, sendo a proxima meta ir de Diamantina a Ouro Preto.

Obrigado a quem acompanhou e ate a próxima.














sexta-feira, 11 de abril de 2014

Dia 2 - Milho Verde - Corregos

Fato interessante de ontem: todo mundo que pedi informação em Milho Verde acabou ligando pra alguém pra me atender. Hospitalidade mineira confirmada e nota 10.
Acordei no horário, café da manha básico do básico, mas vumbora.
Saindo de Milho Verde, maravilha: descida!  2km morro abaixo. Mas depois de toda descida, tem uma subida. Ate o Serro eram 22 km. Ate o km 10, foi nesse batido: descidas boas e subidas honestas (nem tao longas e nem tão íngremes). Depois do km 10, começou a descer. Asfalto novinho,  praticamente sem movimento de carros, top! Acho que bati o meu record de velocidade! Tinha planejado gastar 2 horas e fiz em 1:30h.
Chegada no serro por volta das 11h, saída das crianças da escola. Acho que todas (muitas) que achei no caminho fizeram algum comentário sobre mim.
Parei numa padaria e a atendente olhou pra mim e perguntou de onde vinha. Expliquei e ela: mas vc dorme no meio do mato??? Não entendi a pergunta...
Sai do Serro sem perder tempo.  Ate Itapanhoacanga eram 26 km. No início,  estrada com muito movimento,  principalmente por caminhões e caminhonetes da Anglo Gold. Nada que atrapalhasse. Estrada muito boa, muita descida e também subidas honestissimas. Estava planejando chegar em Itapanhoacanga por volta das 14:00, mas no ritmo que estava, as 13:00 eu estaria la.
Ja tinha pesquisado a pousada em iria pernoitar em Corregos,  com piscina,  restaurante e tudo mais. Nessa hora ja estava planejando chegar as 16:00 no destino final e curtir,  afinal estava adiantado no cronograma.
Antes de chegar em Itapanhoacanga,  passa por mim (em uma subida desonesta) 2 onibus escolarea cheios se crianças.  Um monte de cabecinha pra fora da janela olhando pra mim. Nao tive como esboçar nenhuma reação,  pois estava mais preocupado em não cuspir meu pulmão pra fora.
Bom, chego em Itapanhoacanga querendo almoçar, e a única indicação era uma pousada que tb é restaurante.  Chegando la me informaram que a pousada estava toda reservada pra "firma" (Anglo Gold). Tento achar um restaurante,  mas nao existe. Acabo almoçando uma coxinha e uma coca em uma mercearia.  Converso com uns locais sobre o caminho pra Tapera (proximo destino, 14 km a frente). Um senhor de uns 70 anos olha pra mim pergunta como que vou pra la. Quando falei que era de bicicleta ele simplesmente da uma tragado no cigarro de palha, olha no fundos dos meua olhos e diz: "Vai ter que empurrar". Beleza, ja sabia o que era subida.
Lembram do relato anterior em que eu reclamava dos morros? Aquilo era praticamente a rampa do palacio do planalto comparado com isso. Pedalar? Esquece. Pelo mapa, eram 10km ate acabar a serra.  Desses 10, 8 eram subidas. Empurrando a bike. Meu corpo fazia 45º em relação ao chão. Lembrei daquela propaganda: para um pouquinho,  descansa um pouco 1,1km! Para um pouquinho, descansa um pouquinho,  1,15km. Serio.  Eu caminhava de 50 em 50 metros no máximo. Foram 2 horas pra andar 10km. E eram 2 de descida. Chegando no km 10, sabia que seria so morra abaixo dai pra frente.  Visual maravilhoso.  Valeu a pena. Hora de começar a descer. Achei q ia ser mole. Descida absurda, com cascalho, vala, areia, tudo! Se dei descanso pras pernas, foi a hora das mãos arderem!
Mas deu tudo certo! Chegada em Tapera e procurar algo pra comer.  Mercearia 1: tem algo pra comer? Não, so cheetos. Ok, tem agua? Tem, quente! Ok, obrigado.  Mercearia 2, idem. Pensei, ja era! Voltei um pouco e achei uma padaria. Pao de queijo (velho), bolo de banana (delicia), coca e agua gelada. Salvou! E o menino que me atendeu (Bolao) sabia tudo de bike e me tranquilizou pros ultimos 11km ate Corregos.
Realmente o Bolao, que eh magrelo, tinha razão.  Foi a estrada mais gostosa de pedelar, visual bacana! Em uma hora estava em Corregos.  A pousada que tinha "sonhado" estava fechada e ja eram 18:00h. Ou seja, o sonho de "curtir" ja era (maldita serra). Cheguei e ja vi um buteco arrumadinho. Parei a bike e ja veio um bebum me abordar. Falou que me conhecia e se eu lembrava dele. Dai tinha outro bebum e tb começou a conversar comigo. Pedi uma Brahma e fiquei no fogo cruzado dos dois. No fim das contas, começaram a discutir entre ele pra ter minha atenção.  Paguei a cerva e fui pra pousada, que fica em frente. Dei banho na bike, tomei banho e voltei pro tal buteco.  Descobri que eh do mesmo dono da pousada.  So tinha salgado pra comer. Perguntei se conseguia um prato de arroz com feijão.  O Junin (que atende no bar) saiu correndo e voltou em 5 min: olha, por 5 reais a vizinha faz jantar pra vc. Óbvio que topei e fui la comer na casa da dona Cristiane. Arroz, feijão, carne, ovo e salada. Era tudp que queria. Jantei, tomei mais uma cervejinha e bar do junin e cama!






quinta-feira, 10 de abril de 2014

Dia 1 - Diamantina a Milho Verde

Chegou a hora!
Acordei um pouco mais tarde do que o previsto e com isso sai mais tarde também.  Vi o primeiro marco da estrada real por volta das 9:00h.
Na minha cabeça,  o povoado de Vau ficaria a 13 km de Diamantina.  Com isso em mente, nao me preocupei em poupar agua e nem me alimentei direito, pensando que logo chegaria no povoado. Foi dando 13, 14, 15 km e nada. Minha agua ja tinha acabado e so morro atras de morro. Olhei no guia e vi que Vau ficava na verdade a 25 km!!! E a sede apertando!  Passei por varios riachos e enchia a garrafinha so pra me refrescar,  pois nao tinha coragem de beber. E nada do Vau chegar. Depois do 35º morro, finalmente aparece o Vau. So que nao tinha nada la. Um tal de cafe real fechado. Nenhuma alma viva. Pensei em chamar o SAMU e ficar por ali mesmo. Dai vi uma senhora lavando o alpendre. Fui la pedir água.  Acho que ela viu meu desespero. Tomei quase toda agua dela, coitada. Depois perguntei qual era o restaurante mais próximo.  Ficava a 6km de subida, ou seja, pelo menos 1h30m de.pedal. Acho que denovo ela viu meu desespero e ofereceu o restinho do almoço - arroz e feijão - e pediu ao marido dela pra fritar um ovo. Que comida boa. Depois foi no quintal,  pegou um maracujá e fez um suco delicioso!  Agradeci (dona aparecida é o nome dela), enchi as garrafinhas e ia enfrentar os últimos morros antes de Sao Gonçalo.  So que em frente a casa dela tinha um gramado verdinho e uma sombrona. Deitei um pouquinho so pra descansar. Acordei 1h e meia depois com umas vacas pastando do meu lado.

Montei na bike e fui enfrentar o pior trecho. Nao dava pra pedalar  era escalar mesmo. Sol quente nas costas. Pesado. Muito! Dai começo a ouvir uns barulhos na mata.  Quando penso que não, chuva! E sol!! So pra refrescar mesmo! Ajuntei o resto das forcas e cheguei em São Gonçalo.  Dai eram mais 6 km (mais morro, mas pelo menos não tão ingremes) ate Milho Verde.  A ideia era ir até o Serro,  mas como ja estava escurecendo, preferi não pedalar a noite.
Amanhã tenho que descontar os 20 km que ficaram faltando!
Em milho verde pedi indicação de uma pousada na lanchonete. Cheguei na pousada me recebe um bicho grilo, descalço, fala arrastada e 2 cachorros. Perguntei o preco; 50 reais. Internet? Não.  Televisão? Não.  Ok, obrigado e Tchau.  Andei mais um pouco e achei outra por 60 reais e janta e cafe da manha incluidos. E TV. E internet. O quarto não é grandes coisa, mas pra passar a noite ta de bom tamanho!